Não existe direita e não existe esquerda no Brasil


O que existe é um teatro fétido, encenado por cadáveres engravatados cujos sorrisos ainda tremem por espasmos de corrupção mal digerida.

O Congresso Nacional é um útero necrosado: parindo a cada quatro anos aberrações revestidas de saliva populista, com olhos que giram como moedas em roleta de cassino. Os partidos são apenas peles diferentes para o mesmo verme. Alguns se pintam de azul, outros de vermelho  mas todos se arrastam pelo mesmo esgoto, famintos pelo mesmo banquete.

E o que se serve à mesa?

Carne do povo. Ossos da esperança. Sangue das promessas.

Enquanto o trabalhador mastiga o osso da aposentadoria e engole em seco a fome da educação pública, os parasitas do poder se banquetearam com verbas desviadas, cargos comissionados e imunidades parlamentares. O estômago da nação, outrora forte, está ulcerado. Vomita miséria em jantares de gala.

Os juízes vestem togas costuradas com fios de impunidade. Os generais cochilam em seus bunkers de medalhas enquanto a favela sangra pelas mãos da polícia — e o crime dá risada dentro das assembleias. O povo vota de olhos vendados, guiado por jingles publicitários que escondem a cova aberta. O sistema inteiro fede. Não por fora, mas por dentro, como um corpo que apodrece em silêncio, vestido de perfume.

Os que gritam "Brasil acima de tudo" servem bandejas de soberania a potências estrangeiras em troca de beijos nos sapatos. Os que berram "justiça social" roubam com a mesma colher enferrujada que acusam o outro de usar. Trocam o povo por uma ceia de privilégios. E no fim, todos brindam com champanhe fabricado com suor de operário, lágrimas de mãe e o leite que faltou na boca das crianças.

Não existem heróis. Só há fantoches.
Fantoches com olhos vivos e almas mortas, manipulados por mãos invisíveis que cheiram a banco, empreiteira e gabinete escuro.
E não há esquerda nem direita. Só há intestino: longo, podre, cheio de fezes ideológicas digeridas por décadas de farsa.

Você aplaude um lado enquanto o outro enfia a mão no seu bolso — e ri.
Você briga na rua, enquanto eles se abraçam no coquetel.
Você acredita. Eles lucram.

No final, o Brasil não é governado.
É devorado.

Conde Dom Rafael de Almeida. 

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