Estudantes de Franca impedem palestra de 'príncipe herdeiro'

Unesp teve que mudar local do evento para evitar protesto Da Redação Estudantes da Unesp, em Franca (SP), impediram uma palestra de Dom Bertrand de Orleans e Bragança que ocorreria na terça-feira (28). Com o protesto de cerca de 200 estudantes, o evento foi transferido para a Faculdade de Direito. Vida Intelectual A palestra integrava o evento "Aspectos Fundamentais da Cultura Brasileira", que faz parte do curso de Iniciação à Vida Intelectual. Bertrand, acompanhado de José Carlos Sepúlvida, ambos notórios membros da Tradição, Família e Propriedade (TFP), falaria sobre o papel da família real na formação do país. Os estudantes formaram uma frente para contrapor as ideias defendidas pelo 'príncipe herdeiro', que é contra a reforma agrária e a união entre homossexuais, entre outros. A frente organizou um ato-debate no mesmo dia e próximo ao local da palestra de Dom Bertrand para debaterem exatamente o contrário: a necessidade da reforma agrária e a criminalização dos movimentos sociais. Abaixo, um relato do ocorrido divulgado pelo coletivo Domínio Público. "Na última terça-feira, 28/8, era para ser realizado o primeiro dia do evento “Aspectos Fundamentais da Cultura Brasileira”. O evento é assinado pelo Curso de Iniciação à Vida Intelectual (C.I.V.I.) que possui entre seus princípios a luta contra a Reforma Agrária e a preservação do meio ambiente, o combate ao Direitos dos Homossexuais e Mulheres, dentre outras bandeiras conservadoras. Para agravar, o orientador desse grupo é o Diretor da UNESP-Franca, Fernando de Andrade Fernandes. O primeiro dia do evento contaria com a presença de Dom Bragança que é coordenador do movimento Paz no Campo, alinhado à União Democrática Ruralista, e José Carlos Sepúlveda, um dos fundadores da Tradição, Família e Propriedade (TFP), organização que liderou a Marcha da Família com Deus e pela "Liberdade", movimento que apoiou e fortaleceu o Golpe Militar de 1964. O mais curioso é que esse evento foi anunciado com todas as honras possíveis pelo Site da Reitoria da UNESP [http://www.unesp.br/noticia.php?artigo=8999].

Pelo absurdo que é a presença desses dois indivíduos em uma Universidade Pública - que deve estar a serviço do povo, da livre ciência, das artes, das humanidades e afins - é que diversas entidades estudantis, coletivos estudantis, grupos de extensão, outros tipos de organizações políticas e estudantes independentes formaram uma frente para contrapor o evento realizado pelo C.I.V.I.

Essa Frente deliberou pela realização de um Ato-Debate paralelo ao evento do CIVI. Foi combinado que ele seria realizado na área de convivência da UNESP-Franca contando com a presença de professores, membros de movimentos sociais e estudantes. No ato seria debatida a criminalização dos movimentos sociais para contrapor as ideias que seriam expostas pelos palestrantes. Para viabilizar o ato paralelo foi feita a divulgação via internet, panfletagens e passagens em sala. Toda a ação tinha o intuito de denunciar quem eram os palestrantes e o que eles defendem. Além disso, no dia do evento foi feito um “escracho”, atividade na qual a Frente e seus apoiadores pregaram cartazes ao longo de toda a universidade, reforçando a nossa denúncia.

O Ato-Debate começou uma hora antes do início do evento e ele contou com a presença de umas 200 pessoas. Nele, tivemos a exposição de um membro do MST, um professor da UNESP e de alguns alunos. Além disso, várias palavras de ordem foram proferidas em defesa da Reforma Agrária e dos Direitos das minorias Sociais.

Contudo a área ao qual fora realizado o evento era de acesso ao Anfiteatro II [local do evento] e todos os participantes do Ato-Debate viram a chegada dos organizadores de evento. Nisso começou uma grande vaia e a proliferação de várias palavras de ordem. Após isso, continuaram-se as intervenções e uma aluna da UNESP sugeriu que entrássemos no evento para fazer um Jogral de denúncia na frente de D. Bertrand e de José Carlos Sepúlveda.

Na chegada do movimento ao Anfiteatro II fez com que este lotasse e ainda deixasse várias pessoas de fora. Dentro disso, os estudantes começaram a entoar várias palavras de ordem e os palestrantes disseram que não iriam falar naquelas condições. Nisso os palestrantes começaram a sair apoiados por vários seguranças. Os manifestantes os acompanharam até a chegada deles ao carro que iria levá-los para outro local para ocorrer o evento, a Faculdade de Direito de Franca.

Logo após o ocorrido, o movimento se reuniu novamente e a maioria viu que era inviável o deslocamento de todos para o novo local do evento. Após isso foi deliberado que a frente continue a existir e que a próxima atividade dela é um novo Ato Contra a Criminalização dos Movimentos Sociais."

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